

Museu Digital do Pagode Baiano
Maxixe
No final do século XIX surge no Rio de Janeiro uma dança que tinha influência direta do tango, gênero que começava a fazer muito sucesso na Argentina e no Uruguai, acreditamos que esse foi um dos motivos que fez com que o maxixe fosse apelidado de tango brasileiro.
Inicialmente, o maxixe surge como uma dança que reunia elementos de ritmos como a polca, a habanera (gênero muito popular em Havana – Cuba, local onde foi registrado pela primeira vez o uso da palavra “tango” em 1823), o schottisch e a mazurca (TINHORÃO, 2013, p. 71).
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O maxixe surge a partir da necessidade que tiveram os músicos de choro de adaptar o ritmo das músicas às constantes modificações que sofriam os passos das danças da época que eram executadas por mestiços, negros e brancos que complicavam os passos das danças de salão. (TINHORÃO, 2013, p. 71).
A dança surge em um contexto marcado pela mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro e pela expansão da cultura do café. No período que compreende a década de 1870, o Rio de Janeiro já contava com mais de 300 mil negros escravizados que chegavam principalmente do Norte e do Nordeste brasileiro. Após a abolição da escravidão no Brasil, grande parte desses negros libertos se deslocaram para a província do Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida. Nesses grupos destacavam-se profissionais como ferreiros, sapateiros, carpinteiros, barbeiros, músicos, dentre outros profissionais que chegavam principalmente da antiga capital, Salvador para o bairro da Cidade Nova conhecido como “Pequena África”. Esse bairro concentrava grande parte de músicos que tocavam choro, esses profissionais tocavam diversos gêneros musicais que faziam sucesso à época como os de matrizes africanas; jongo, batuque, lundu, os de origem indígenas; cateretê e os de origem europeia; a mazurca, a quadrilha, a valsa, a schottisch e, especialmente, a polca cubana; a habanera; e os brasileiros; choro, tango brasileiro e, posteriormente, o samba.
Entre 1902 e 1903, o maxixe surge enquanto gênero musical junto com o aparecimento das primeiras partituras com o nome de maxixe, o gênero é considerado uma síntese de diversos gêneros musicais que eram tocados na época, principalmente a polca e o lundu, mas também do choro, gênero que guarda uma proximidade muito grande com o maxixe, principalmente pelo fato dos instrumentos musicais utilizados no choro serem os mesmos instrumentos musicais utilizados para tocar o maxixe gênero musical, como o violão (de seis e sete cordas) o cavaquinho, o bandolim, a flauta, o oficleide e o pandeiro.
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Assim como a modinha e o lundu, o maxixe foi também considerado uma dança obscena, lasciva, que atentava contra a moral e os bons costumes[1], por esse motivo era sempre apresentado em teatros de revista, cabarés, dentre outros locais considerados inadequados para pessoas de “boa família”, embora a dança tenha chegado às classes mais abastadas através dos bailes carnavalescos, eventos mais “elitizados” e para um público economicamente selecionado. Tinhorão (2013, p.78)
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Devido à não aceitação da dança e da música pela sociedade burguesa da época, principalmente por ter o maxixe uma origem nas classes menos favorecidas, os músicos associaram ao gênero musical o nome de tango ou tango brasileiro para que fosse aceito pelas famílias tradicionais e pelos grandes salões. Um dos grandes representantes do tango brasileiro foi o pianista e compositor Ernesto Nazareth, o compositor não aceitava que denominassem sua música de maxixe e sim de tango brasileiro, a maestrina Chiquinha Gonzaga denominou um de seus grandes sucessos do gênero maxixe de “Corta Jaca” que também é o nome dado a um movimento da dança.
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Envolto em toda essa atmosfera de preconceitos em relação ao gênero, o maxixe ainda no século XIX passa por um processo de internacionalização que se inicia em Paris, sendo dançado nos grandes salões, e um dos principais responsáveis por esse sucesso é o baiano Antônio Lopes de Amorim Diniz conhecido como Duque, que popularizou e estabeleceu o gênero em terras estrangeiras, sendo elogiado e denominado pela crítica local como “l’admirable choreographiste”, “o admirável coreógrafo” (tradução nossa), recebendo inclusive o título de “Rei do Tango”.
Instrumentos musicais e aspectos do maxixe.

Õ caxixi é um instrumento idiofone de origem africana construído com palha trançada e com sementes em seu interior. O som do caxixi é produzido ao ser agitado. O caxixi é comumente usado como um instrumento acessório ao berimbau na prática da capoeira. Esse instrumento faz parte do set de percussão de músicos de diversos estilos musicais no Brasil, inclusive o samba e o pagode onde o instrumento é responsável pelas nuances mais agudas do set percussivo.

Os atabaques são tambores tradicionais, instrumentos membranofones originários da África, foram trazidos para o Brasil pelos africanos escravizados e é utilizado em cultos religiosos.
Os atabaques são conhecidos também pelo nome de Rum Rumpi e Lé, na ace.pção religiosa de matriz africana Eles têm a função de evocar os Orixás, NKisis e Voduns, podem ser tocados com uma baqueta fina de madeira chamada "aguuidavi".
Esses instrumentos são construídos em madeira e o couro é preso por um aro de metal e tensionado através de grandes cravelhas de madeira.
Os atabaques como são considerados instrumentos sagrados, não podem sair dos terreiros de Candomblé e Umbanda, onde eles recebem uma espécie de Batismo para poderem ser usados nos cultos religiosos de matrizes africanas, mas para um músico obter essa sonoridade na música popular e não religiosa ele pode utilizar um instrumento do mesmo tipo e afinação, mas sem passar pelos rituais de purificação dentro dos terreiros.
Aspectos Harmônicos/Melódicos
Melodia modulante;
Canto vocal solo;
Cromatismos na sua linha melódica.
Aspectos Rítmicos
Ritmos sincopados; Uso do staccato
Temáticas
Temas amorosos; Mulheres; Corações feridos; Sofrimento e saudade.
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ELVIRA ESCUTA
(Autor anônimo)
“Elvira escuta os meus gemidos
Que aos teus ouvidos irão chegar.
Não sejas traidora, tem dó de mim,
Tem dó dest’alma que te sabe amar.
Se tu me amas como eu te amo,
Eu te prometo não te desprezar.
Não sejas traidora, tem dó de mim,
Tem dó dest’alma que te sabe amar.
Teu coração é um rochedo,
Este rochedo é meu penar.
Não sejas traidora, tem dó de mim,
Tem dó dest’alma que te sabe amar.
Sobe a escada, vem devagar,
Elvira dorme, pode acordar.
Não sejas traidora, tem dó de mim,
Tem dó dest’alma que te sabe amar.
Ainda mesmo depois de morta,
As tuas faces irei beijar.
Não sejas traidora, tem dó de mim,
Tem dó desta’alma que te sabe amar.