

Museu Digital do Pagode Baiano
Lundu
Ainda no século XVIII surgem duas danças populares no Brasil, os batuques e o lundu. Os batuques, assim denominados para descrever todo tipo de dança praticada por negros acompanhadas por instrumentos percussivos ou pela palma da mão e pela umbigada, movimento característico presente na coreografia, tinha um caráter festivo e também ligado aos cultos religiosos africanos.
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A estética da dança foi motivo de censura e repressão por parte da sociedade da época que considerava o lundu uma dança licenciosa e que feria os princípios da moral e dos bons costumes, por essa razão era alvo de perseguições e proibições. Para ter relativa aceitação pela sociedade, foi necessário aliar elementos da cultura portuguesa à dança, mas ainda assim a umbigada (passo característico e insubstituível do lundu e que também foi herdado pelo samba-de-roda do Recôncavo), foi mantida, o que não afastou completamente as críticas e as proibições, mas gerou a partir daí um gênero musical afro-brasileiro, unindo harmonia e melodia aos ritmos africanos.
O primeiro registro do lundu data a partir de 1798 em versos do poeta Domingos Caldas Barbosa publicados em dois volumes, o primeiro intitulado Viola de Lereno, nome que adotou logo após ser aceito na Arcádia de Roma, Lereno Selinuntino, embora o poeta não denominasse as composições como lundu no primeiro volume, no segundo volume aparecem seis composições com o nome de lundu o que mostra que o poeta já tocava o lundu desde 1775. (TINHORÃO, 2013, p.58).
Além de Domingos Caldas Barbosa, outros músicos também compuseram lundus como Carlos Gomes, Heitor Villa Lobos, Cândido Inácio da Silva, Francisco Manoel da Silva, Padre Teles, Domingos de Rocha Mussurunga, Henrique Alves de Mesquita.
Instrumentos e aspectos musicais do Lundu

Aspectos Harmônicos/Melódicos
No exemplo musical seguinte podemos encontrar os elementos harmônicos e melódicos presentes na música portuguesa do século XVII. Harmonia tonal, aspectos da polifonia e da música vocal solo.
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Aspectos Rítmicos
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Aspectos Estéticos
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Temáticas
Lundu Chorado
Sinhá na rede dormindo
Duas mucamas ao lado
Cena de um tempo passado
Que outro poeta escreveu
Em meio ao sono a senhora
Vai toda se amolengando
Está, por certo, sonhando
Com certo alguém que sou eu
Eu não sou ralador
Para o coco ralar
Não sou de salvador
Nem belém do pará
Meu claro senhor
Olhe sua sinhá
Ta me olhando com dengo
Para me enfeitiçar
Calma de flor de laranja
Pele de manga madura
Gostinho bom de verdura
Fonte fazendo chuá
Voz de viola chorando
Olhos como a estrela d'alva
Restos de origem fidalga
Eis o perfil da sinhá
Eu não sou ralador
Para o coco ralar
Não sou de salvador
Nem belém do pará
Meu claro senhor
Olhe sua sinhá
Ta me olhando com dengo
Para me enfeitiçar
Não por ser branca e senhora
Mas por ser boa e bonita
É que a senhora me agita
Faz-me a viola chorar
Claro senhor, não se atreva
Que eu tenho cá meus motivos
Eu só me faço cativo
Se for pra sua sinhá
Eu não sou ralador
Para o coco ralar
Não sou de salvador
Nem belém do pará
Meu claro senhor
Olhe sua sinhá
Ta me olhando com dengo
Para me enfeitiçar.
LUNDU - BEIJO DE MOÇA
Intérprete: Preto de Prata ou (Peito de Prata)
Gravação: 1902
Dizem que beijo de moça é o melhor doce que há 2x
Um doce feito de beijo meu deus quem não gostará
Pois se tal beijo é um doce tão bom assim 2x
Por qualquer preço eu quisera um doce também para mim
O beijo bom se é doce pela pureza do amor 2x
Um bom-bocado de beijo deve ter um bom sabor
Pois se tal beijo é um doce tão bom assim 2x
Por qualquer preço eu quisera um doce também para mim
Quando me fala em beijo o meu coração se agita 2x
O beijo dado nas faces de uma morena bem bonita
Pois se tal beijo de moça é um beijo de tanto valor
Por qualquer preço eu quisera um beijo para o trovador
Por qualquer beijo eu quisera um beijo para o tocado