

Museu Digital do Pagode Baiano
Africanos
Durante aproximadamente três séculos foram introduzidos no Brasil através do tráfico de escravizados inúmeros membros de diferentes sociedades africanas principalmente pela coroa portuguesa e pelos holandeses, esses povos eram trazidos para executar tarefas em lavouras e grandes fazendas e também na mineração. A chegada dos africanos ao litoral brasileiro não representou apenas uma solução para a escassez de mão-de-obra, resultou em um dos mais importante intercâmbio cultural que mais tarde contribuiria para o emergir de uma cultura brasileira fundada principalmente nos componentes africanos.
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De acordo com Vianna (1946), o tráfico negreiro na Bahia se processou em quatro ciclos distintos: O ciclo da Guiné, século XVI, o ciclo de Angola, século XVII, o Ciclo da Costa da Mina, Século XVIII, última Fase, A ilegalidade, século XIX. (VIANNA, 1946, p. 30).
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Dentre os povos trazidos do Continente africano incluem-se os Sudaneses que ocupavam uma faixa abaixo do deserto do Saara (Senegal, Guiné, Gana, Nigéria, Benim) e os Bantos, vindos do espaço que compreende a região que se inicia ao sul do Gabão e termina ao sul de Angola. Outros grupos vieram de Moçambique e outras áreas da África do Sul. (MUKUNA, 1978, p. 97).
Com esses povos também foram transladados elementos de suas respectivas culturas, e é a partir desses elementos da musicalidade africana que se formou o legado para a construção de uma cultura híbrida no Brasil.
Bantos
Na cosmovisão dos povos bantos, o homem tem sua vida, sua história, sua religião, sua filosofia e sobretudo, sua forma de perceber e compreender o mundo, concebem a vida como um valor absoluto e entende o mundo como uma rede de relações. Falar dessas características pressupõe falar da sua relação com a natureza, do nascimento, da morte, do culto aos antepassados, e principalmente das práticas coletivas no seu quotidiano.
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Os povos bantos não concebem o homem vivendo isolado, mas sempre em coletividade, essa coletividade é marcadamente perceptível na tradicional forma de se reunir para celebrar formando uma roda, ou círculo, no uso de padrões rítmicos sincopados, estalar de dedos, cantar e bater palmas. A temática musical banto versa sobre as divindades, a vida na comunidade, tem relação direta com o trabalho, como por exemplo a associação do bater da enxada como ritmo para sincronizar o trabalho, no campo harmônico e melódico predomina o uso da escala pentatônica (escala composta de cinco sons) e o canto vocal solo acompanhado de coro.
A musicalidade banto está presente na cultura brasileira através dos chamados à época, batuques de negros e nas festas de cunho religioso como as festas de reis, as congadas e festas à Nossa Senhora do Rosário, além de outras manifestações que compõem o universo religioso afro-brasileiro. Os batuques aconteciam nos engenhos ou nas senzalas em momentos de descanso dos negros escravizados como vimos na seção anterior, eram acompanhados de cantorias e de alguns instrumentos percussivos, como o atabaque, o agogô, o caxixi, o afuxê. Esses instrumentos estão inseridos no samba e no pagode sendo amplamente utilizados na seção de percussão desses gêneros.
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Os batuques eram considerados como dizia-se à época “desonesto”, denominado dessa forma pela classe dominante e pelas autoridades policiais, principalmente por ser uma manifestação cultural negra e pela sua ligação com os cultos religiosos dos africanos, dessa maneira não era visto com bons olhos pelas famílias das classes abastadas, por outro lado, as festas de reis que fazem referências à santos católicos, eram bem aceitas principalmente por segmentos da igreja que viam a prática como algo que se aproximava do catolicismo, o que afastava inclusive, do ponto de vista dos senhores, a possibilidade de insurreições dos negros contra a sociedade. A ligação importante desses fatos é que os batuques representaram uma experiência ritualística que mais tarde se associariam aos elementos da música europeia e indígena, metamorfoseando-se e gerando gêneros como o samba, o samba-de-roda, e o pagode baiano.
Sudaneses
Os sudaneses concentraram-se nas zonas urbanas do Nordeste brasileiro, nessas áreas urbanas era permitida a circulação de negros escravizados mediante autorização, isso possibilitou o contato entre eles, embora a classe burguesa da época aceitasse com reservas essa condição. A influência sudanesa na música está ligada principalmente à religião e presente sobretudo na música baiana através de padrões rítmicos do Ijexá e do afoxé, ritmos muito difundidos na musicalidade dos blocos afro na Bahia na década de 1980 e que viriam mais tarde a ser utilizados amplamente em diversos gêneros musicais como a axé-music e adaptado ao pagode baiano, assim como os instrumentos musicais utilizados para tocar esses ritmos, a exemplo do uso de tambores de uma só pele, os três atabaques rum, rumpi e lé, que originalmente tinham sistema de tensão tradicional proveniente do oeste-africano – couro esticado por cordas atadas a pitões de madeira fincados diagonalmente no corpo do instrumento e martelados para dar tensão (hoje bastante raro, preferindo-se as tarrachas de metal).
Esses instrumentos são percutidos com baquetas finas e flexíveis (aguidavi) no caso dos candomblés de nação queto, tidos como os representantes da tradição nagô na Bahia, atualmente com “filiais” em vários estados brasileiros. Dos três, o mais grave é que serve à execução de variações e solos dos toques (ritmos) sagrados dos orixás, característica fundamental dos conjuntos percussivos africanos também observável em outros gêneros da música afro-brasileira, inclusive as de origem banto.
Outra contribuição sudanesa são os tambores de mão bimembranófonos - de duas peles - como os ilús dos xangôs de Pernambuco, os abatás do Tambor de Minas maranhense ou os tambores do batuque sul-riograndense. Os xequerês (BA), aguês (PE), agês (RS), que são cabaças recobertas por malhas de contas, constituem outro instrumento da África Ocidental utilizado nos candomblés, e hoje incorporados à música popular.Temos também o afuxê (na cultura iorubana o afuxê recebe o nome de xekerê), os sinos de metal conhecidos como agogôs ou gans, presentes em ambas as macro-culturas banto e sudanesa, de importância fundamental na condução dos ciclos rítmicos (time-line) e também encontrados em conjuntos não religiosos.
Instrumentos musicais e aspectos da música africana.

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O caxixi é um instrumento idiofone de origem africana construído com palha trançada e com sementes em seu interior. O som do caxixi é produzido ao ser agitado. O caxixi é comumente usado como um instrumento acessório ao berimbau na prática da capoeira. Esse instrumento faz parte do set de percussão de músicos de diversos estilos musicais no Brasil, inclusive o samba e o pagode onde o instrumento é responsável pelas nuances mais agudas do set percussivo.

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Os atabaques são tambores tradicionais, instrumentos membranofones originários da África, foram trazidos para o Brasil pelos africanos escravizados e é utilizado em cultos religiosos.
Os atabaques são conhecidos também pelo nome de Rum Rumpi e Lé, na acepção religiosa de matrizes africanas. Eles têm a função de evocar os Orixás, NKisis e Voduns, podem ser tocados com uma baqueta fina de madeira chamada "aguuidavi".
Esses instrumentos são construídos em madeira e o couro é preso por um aro de metal e tensionado através de grandes cravelhas de madeira.
Os atabaques como são considerados instrumentos sagrados, não podem sair dos terreiros de Candomblé e Umbanda, onde eles recebem uma espécie de Batismo para poderem ser usados nos cultos religiosos de matrizes africanas, mas para um músico obter essa sonoridade na música popular e não religiosa ele pode utilizar um instrumento do mesmo tipo e afinação, mas sem passar pelos rituais de purificação dentro dos terreiros.
O agogô é um instrumento construído em metal e composto por um ou diversos sinos. Esse instrumento é originário da África Ocidental e pertence ao universo musical yorubá, é também conhecido como gã.
No Brasil o agogô é utilizado nos rituais religiosos do Candomblé e da Umbanda sendo responsável pela polirritmia dentro do sincretismo religioso e também na música profana. O agogô também faz parte do set de instrumentos percussivos de músicos profissionais de diversos estilos de música popular brasileira. É um instrumento indispensável nos afoxés e ijexás pois é ele quem apresenta o contraponto ao atabaque e aos outros instrumentos percussivos dentro do gênero musical. O agogô pode ser considerado o instrumento mais antigo do samba e está presente também no pagode baiano.

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O xequerê é um instrumento idiofone também conhecido como Agbê ou Abê, grafado como Sekere em yorubá e Shekere na Nigéria, lilolo e axatse em Gana. é um instrumento de origem africana, construído com uma cabaça e envolto com uma rede de contas ou sementes em sua versão mais natural. o som é produzido ao agitar.
No Brasil o instrumento está inserido na música popular brasileira, fazendo parte do set de instrumentos de diversos estilos musicais. Por ser um instrumento de grande versatilidade seu uso é bastante amplo, sendo utilizado desde músicas instrumentais ao samba e ao pagode, sobretudo na música baiana que tem fortes influências da música caribenha onde o instrumento também é muito popular.

O afoxé ou afuxê recebe esse nome devido à sua tradição iorubá o termo afoxé vai além de significar um instrumento musical, o termo originário da África está relacionado com as festas profano-religiosas as quais se utiliza do ijexá nas suas manifestações. Para execução do ijexá são necessários outros instrumentos como o afuxê os atabaques e o agogô. No Brasil o afuxê mantém a tradição de estar vinculado aos afoxés e ijexás tanto nas manifestações religiosas como também na utilização na música popular. instrumento construído em madeira com uma parte estriada revestida por colares de contas, produz o som ao ser agitado ou friccionado, fazendo com que as contas entrem em atrito com a parte estriada do instrumento produzindo assim um som vibrante.
Além de ser usado no afoxé e no ijexá, o afuxê também é largamente utilizado em outros estilos musicais populares, inclusive o samba e o pagode baiano.
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Aspectos Harmônicos/Melódicos
No exemplo musical seguinte podemos encontrar os elementos harmônicos e melódicos presentes na música portuguesa do século XVII. Harmonia tonal, aspectos da polifonia e da música vocal solo.
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Aspectos Rítmicos
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Aspectos Estéticos
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Temáticas
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